segunda-feira, outubro 09, 2006
nowhere talking
1: você acredita em deus?
2: o que há, é um teste de paciência? cadê o holofote?
1: simples, diga sim ou não.
2: pra quê? pra justificar coisas colocando-nos como marionetes do destino, isentos de culpa?
1: puta que pariu...
2: quanta falta de classe e argumento, conversa de lugar nenhum.
2: por que você tá querendo saber, só porque acredita e quer um cúmplice para essa insensatez?
2: as coisas não são designadas por um simples sim ou não, palavras não são capazes de classificar tudo.
1: não é sandice.
2: é sim.
1: então tá, como queira, cansei de você.
2: já sabia. sabia até que este diálogo era pra chegarmos nesse ponto.
1: você enlouqueceu.
2: sim, desde o dia em que eu não escolhi me apaixonar por você.
1: houve esse dia?
2: sempre.
1: por que nunca me disse?
2: pelo mesmo motivo que não discuto sobre a existência ou não de um além-ser.
- silêncio-
Visivelmente alterada, ela levanta do sofá, apaga a luminária e segue em direção à cozinha para preparar ao menos o chá que lhe dará boa noite; enquanto isso ele foi pra varanda fumar um cigarro, acompanhado pelo bernardo, o gato dela - isso era muito claro, era dela, o gato. não queria dizer, mas além de questionar a existência de deus, ele gostava do misto quente que só ela sabia fazer. findou o cigarro e foi direto pro quarto, tirou os chinelos, deitou na cama e questionou o amor, acabou por encontrá-lo ali, bem ao seu lado, meticulosamente coberto. sentiu-se feliz, pelo menos até a próxima discussão. adormeceu.
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