quinta-feira, novembro 30, 2006
atentado
quarta-feira, novembro 29, 2006
em teoria
terça-feira, novembro 28, 2006
a aposta (episódio 1)
Era fim de tarde em cassano magnago, eles gostavam de conversar nesse horário, davam uma pausa nas brigas e parecia que finalmente conseguiam se entender.
2: tem crostata de fragole, vamos comer?
1: não tem.
2: tem sim, eu vi quando a nonna chegou do mercado.
1: em 20 anos eu nunca a vi comprando crostata de fragole.
2: mas comprou desta vez, quer apostar?
1: quero! (com aquele ar petulante que só ele possuía, irritante)
2: aposto cinqüenta mil liras.
1: feito.
Dirigiram-se ao armário e lá estava, a crostada de fragole, saborosa como sempre, porém vermelha (dovrebbe essere gialla, invece). E quando a nonna fora questionada pela troca repentina do quitute, coisa que não acontecera em vinte anos, respondeu sem titubear:
- comprei porque tinha acabado a de albicoca, simples. Se não quiser, não coma.
... na hora de apostar ele só tinha esquecido de um detalhe – pequeno, porém útil –, é que naquela época, ela jamais apostaria para perder.
crostata alla fragole
sexta-feira, novembro 24, 2006
lá é bem aqui
Um dia eu bati tudo no liquidificador e deu certo, hoje não mais, desaprendi, acho que também falta-me a prática de outrora e uma pitada de paciência também, estou envelhecendo. Aqui dentro está que nem a lush, quando você se acostuma com um produto ele sai da prateleira porque não há mais matéria prima.
Minha estadia ali foi marcada por relacionamentos longos e unilaterais, que eu equiparo ao uso incessante de ópio, o costume é o que mata, e acabamos morrendo em todas as poucas tentativas de existência. Nascer para (re)nascer, dando continuidade à esse ciclo vicioso de monta e desmonta.
Que venham as novas memórias, melhores ou piores, não importa, mas inéditas – afinal, todos têm que se desapegar um pouco, curtir a sua fatia da festa, sem maiores complicações, pelo menos até o dia de esbarrarmos na morte. Just let go.
quinta-feira, novembro 23, 2006
Ando por aí procurando pessoas, observando o modo como elas andam, como mexem no cabelo, como se portam diante de outros seres – suas farsas, seus temores. É difícil sair a esmo em busca do inimaginável, mas eu gosto, aprecio o nada, o vazio, a falta de expectativa que culmina numa esperança extremamente voraz – que acaba me consumindo por inteiro. O tudo é o nada em que está inserido, assim como a ausência de cores, que tem em seu ápice, uma outra cor. Como não acredito no acaso, logo me acharão perdida na casualidade proposital desta cidade provinciana em que me encontro – matéria presente ocupando lugar no espaço, espírito ausente. Assim é.
springsfield is here
quarta-feira, novembro 22, 2006
for sale
Quantos-em-um somos ao longo de nossas vidas, somos o que fizeram de nós, um reflexo da sociedade e seus declínios mentais absolutamente medíocres. Sinto como se houvesse um supermercado de pessoas e personalidades, onde é possível comprar a que melhor se adequar ao momento – como eu quero que os outros me vejam agora. E nesse vai-e-vem de pessoas, momentos, personalidades, as essências se misturam, viram uma coisa amorfa. Já não sabemos mais quem somos, à que viemos e muito menos pra onde vamos. O momento define a pessoa do dia, aquilo que quero que saibam, tal qual numa película – onde o mesmo artista interpreta vários papéis, como se pudesse viver todas as vidas ao mesmo tempo.
Não queria isso pra mim, mas quando tento enxergar, percebo que já estou inserida nesse contexto, refletindo tudo que já passou por mim - como um vértice -, fruto de uma irrealidade consentida.
E, parafraseando arbitrariamente cecília meirelles, indago: em qual espelho ficou perdida a minha face?
segunda-feira, novembro 20, 2006
liquid
sexta-feira, novembro 17, 2006
quinta-feira, novembro 16, 2006
tom the model
terça-feira, novembro 14, 2006
“Marco Polo descreve uma ponte, pedra por pedra.
- mas qual e a pedra que sustenta a ponte? – pergunta Kublai Khan.
- a ponte não é sustentada por esta ou aquela pedra – responde Marco -, mas pela curva do arco que estas formam.
Kublai Khan permanece em silêncio, refletindo. Depois acrescenta:
- por que falar das pedras? Só o arco me interessa.
Polo responde:
- sem pedras o arco não existe.”
>> esse livro é tão bom que chego a duvidar se existe mesmo. mas o que é que existe afinal? ah tá... imaginei alguém dizendo tudo, e me peguei gargalhando freneticamente em tom de escárnio.
domingo, novembro 12, 2006
sexta-feira, novembro 10, 2006
fake plastic blindness
terça-feira, novembro 07, 2006
sr. coelho, estou atrasado!
sábado, novembro 04, 2006
infinito particular
do que outrora fora não sobrou nenhum alicerce, até a memória da construção se esvaiu sem deixar rastro. na verdade nada disso importa, não sairei ilesa, mesmo que não mergulhe até onde inexistir matéria. e mesmo que houvesse algo além disso, não me causaria êxtase em colorir os desenhos feitos à lápis. deixo tudo monocromático, sem grandes surpresas, ou surpreendo-me justamente pelo fato do monocromático poder ter mais graciosidade do que a mais perfeita combinação de cores. viagem ao mundo insólito da previsibilidade. apressar-me-ei, pois não há nada à esperar, quando na verdade, já me encontro imersa nesse plasma viscoso, que me consome até a alma. e eu gosto.
sexta-feira, novembro 03, 2006
amar, por florbela spanca
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente..
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...