Ela estava perdida, imersa em uma floresta escura, sem saber qual direção seguir, pois olhando ao redor, todos os caminhos eram igualmente confusos. Chamava por ele, como se o grito erradicasse todo o medo que sentia ao encontrar-se ali, sozinha, sem rumo, e sem idéias. Ele não ia aparecer – e ela sabia –, nem ao menos sabia onde se encontrava, talvez não fizesse questão, ou ainda não achasse que nada incomum estaria acontecendo. Chorava, porque o choro é companheiro do desespero, mas sabia que chorando não se acha saídas, e a situação exigia uma. De repente até clamou para que um milagre acontecesse, colocou à prova a existência de um além-ser. Nada. Tudo no mesmo lugar. Acostumou-se então com a floresta, que tomou ares tão familiares quanto sua casa – uma que outrora teve. Desacreditou na benevolência, e na ausência de máscaras. Tudo pegava fogo, e o mais engraçado – se é que pode denominar assim – é que era fruto de suas lágrimas incandescentes. Culpada, agora. Brasas ao redor por um ato falho. Não soube se encontrar. Talvez não se importasse. Achava que não suportaria a realidade fora da floresta, sem controle, entregue às agruras, sem pormenores. E neste momento, depois de tudo, do medo, da angústia, da sensação de vazio, da falta de perspectivas, ele apareceu. Por um minuto a floresta desapareceu e virou um lindo jardim, claro e organizado. Esperou tudo, queria tudo. A vida encheu-se de luz e alegria. Por um minuto. Pois sabia que na realidade – aquela que arrasa ilusões – ele só podia dar-lhe uma lanterna. E a floresta continuaria a mesma.
2 comentários:
ela tem todas as respostas e quer muito mais que uma simples lanterna. pode parecer auto-ajuda, mas ela quer e ela pode.
ao passado o que é do passado
deixe o vento levar o que não fez questão de se ancorar
(L)
ela sabe melhor do que ninguém o rumo a tomar. tem uma lanterna mais potente que a de qualquer um que venha a ajudá-la, mas há algo que a impede de ligá-la, ou talvez achá-la - na bolsa, quem sabe. está tão próxima e tão acessível... só falta ela tomar consciência e querer - não apenas perceber - isso.
é assim. só precisa achar e ligar a lanterna. conseguirá acreditar na ausência de máscaras - poucas, mas ainda existentes -, nos caminhos a tomar - mesmo que sozinha -, e na possibilidade da auto-suficiência.
a propósito, ela é uma besta: não percebe que tem potenciais exclusivos, belezas de várias ordens, ferramentas eficientes... ela emana uma luz que também a ajudaria, mas infelizmente, para ela essa luz inexiste - ou existe, mas como um obstáculo.
ah, te adoro. (desculpe pelas viagens por aqui)
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