sábado, maio 26, 2007

acid house

A pior viagem do resto da minha vida, é assim que me sinto, todos os barulhos são ensurdecedores e não há ninguém NINGUÉM a quem possa recorrer. Meu coração dói, assim como meu pulmão e minhas veias, sinto sangue gelado pelas minhas veias, tive sonhos em tons de vinho e até agora não sei se foi verdade. Estou com medo, admito minha condição e não, não sou capaz, at all, pra nunca mais. Sou um lixo dentro da vasilha, ou aquele vômito na privada. As cores, todas as cores pulsam, como se tivessem vida, engraçado, eu sempre quis ver isso, mas não dessa forma, não desse jeito. Tão só. Não! Nem você nem ninguém vai aparecer aqui, faz muito frio e eu não sei o que penso, se penso. E não há nada, nem esse quarto, nem essa tela, nem essa vida. Preciso de alguém que me acorde agora, e não há. Tenho medo de dormir pra sempre.

quinta-feira, maio 24, 2007

freelove

acredito que arte só pode fluir diante de um transtorno, tem que incomodar. chego a um ponto: quando as árvores ficam azuis e o pensamento não segue a linha da tragédia clássica aristotélica, não há criação. it's time for me to move ahead.

"Hey girl

You've got to take this moment

Then let it slip away

Let go of complicated feelings

Then there's no price to pay"


segunda-feira, maio 21, 2007

daysleeper

constatação: vida on a plain é finita, uma hora a roda gira e você se dá conta que, além do inferno estar nos outros, a imersão nesse inferno não está dentro de um leque de escolhas. já estive aqui antes, as coisas mudaram um pouco de lugar, ah, eu mudei um pouco de lugar também. o quadro que pintei tem nome, sobrenome, medo, desejo e é muito abstrato. me sinto num liquidificador, onde trituraram minhas certezas, minha alma, minha vontade de paz, olho pra trás e me vejo sem querer entrar, mas é tarde demais, tenho medo de escoar pelo ralo mais uma vez. teatro de arena, cíclico como as estações do ano, prefiro o inverno.

quinta-feira, maio 10, 2007

Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
e nada mais

quarta-feira, maio 02, 2007

a última noite

arrumou-se daquela vez como se fosse a última, beijou sua mãe como se fosse lógico, desceu as escadas como se não houvesse amanhã, algo dizia que seria a última vez que os via, pensou em tudo que fez, e, em grande parte, no que não teve tempo de executar. não teve medo do que poderia vir, estava consciente, tudo tem começo, meio e fim. o gosto das coisas modificou e a visão estava meticulosamente espetacular. seria a última noite, a última festa, o último momento entre amigos. curtiu até amanhecer, carregando a certeza que dali não passaria. se a vida não era colorida em sua plenitude, queria conseguir enxergar as nuances daquela noite, de cada poste, de cada pessoa, cores exatas de cada momento. o manto do dia foi estendido, estava em casa, por alguma razão estranha o contrato fora alterado, ainda havia muito pra ver (viver). deitou em sua cama como se fosse a única, dormiu na contramão atrapalhando o sábado. relato da noite em que a morte decidiu não aparecer, mesmo com aviso prévio.