quinta-feira, agosto 31, 2006


... nada mais dantesco do que a época das touradas na Espanha. Me lembra a política do pão e circo. Nada nem ninguém tem o poder de manipular ser algum em prol do seu bel-prazer, salvo sob o consentimento do ser lúcido em voga.

FATO: Ontem estava atravessando o semáforo na frente do pátio brasil, e tinha um cachorro de rua, ele era bege, muito magrinho, atordoado, se jogando por entre os carros, sem saber pra que lado fosse, olhei ao redor e era como se ele não estivesse ali, ninguém reparava em seu desespero. de súbito, me deu uma sensação de vazio, queria poder levá-lo comigo, tirá-lo daquela vida que ele não pediu pra ter, pensei nas humilhações que deve sofrer, e que deve apanhar de quando em vez. terá ele consciência de sua tão atroz existência? ajudei-o a atravessar a rua, mesmo estando atrasada, e mesmo não tendo prática nisso. episódios como esse me fazem refletir todos os dias, cada singular e insólito dia, que, ninguém está disposto a ajudar, a sensação que tenho é de que cada pessoa carrega um mini-mundo dentro de si, e gasta uma vida inteira só para satisfazê-lo, e que esse tempo ainda não é o bastante. tenho medo do futuro, tenho consciência de que tudo é cíclico, nada disso passará impunemente. tenho consciência e tenho medo.

quarta-feira, agosto 30, 2006

é festa!

na busca pela inspiração para um post mais denso, abro a página do jornal e vejo a seguinte manchete: MODA É SER FASHION ATÉ NA MORTE. (gargalho silenciosamente). Tomada por uma curiosidade animalesca e sensacionalista, fui ler a matéria. Móveis fúnebres assinados por grifes famosas, com cores da moda, alças retráteis, seda e frufrus à gosto do cliente. Móveis de casa que viram caixões - uma questão de precaução né? nunca se sabe quando a vontade de morrer bate à sua porta. Estejam preparados, maquiados, bem vestidos... e ainda nem falei a melhor parte! esses mimos possuem uma tela com um tipo de sensor que, a cada vez que alguém se aproxima, passa um vídeo do falecido nos tempos áureos. Não é DEMAIS? é demais mesmo, demais pro meu gosto - o mínimo de bom senso, por favor -, não obstante o fato de levarem a vida num eterno escárnio, querem transformar a morte numa grande celebração, com direito a plumas, paetês, orquestra, imagens e buffet. A morte passa de sujeito à predicado, não é mais o assunto inicial, mas o que importa? o velório foi chiquérrimo, todos com seus tailleurs chanel e smokings armani, dando os pêsames a quem mesmo? ah, é relevante, mas o caixão era o último grito na questão do design. Só esquecem que não importa quão cinematográfico tenha sido, pro padedê de lá, não se leva nada.



terça-feira, agosto 29, 2006

>> pink floyd é contemplação. é uma passagem só de ida para o universo onírico, sem limites de bagagem. é uma viagem lisérgica sem efeito colateral.
tem dias que a gente acorda e pensa: cara, eu não conheço nada, nem ninguém. a gente nunca sabe quem vai atender quando batemos do outro lado da porta, tanta coisa passa pela minha cabeça agora. não conheço nem que eu conheço, engraçado isso. suponho coisas dentro do meu próprio mundo, e não convido ninguém a entrar. veja só "não convido ninguém a entrar", sou distante, então. será que ninguém me conhece também? tenho atitudes previsíveis, aquelas que a sociedade impõe. deve ser isso. queria uma casa numa árvore. amigos no campo. conhecimento sobre o alheio. paz de espírito. não, não há coerência em minhas simplórias palavras. talvez não esteja neste planeta. ou talvez não esteja no script.

segunda-feira, agosto 28, 2006

uma questão social

>>Voltando ao não-sentimentalismo da vida real, vamos lá...

O cabaré começa na época do Brasil colônia, onde os portugueses tinham todas as mulheres e não registravam os filhos, gerando uma prole de ninguém, esses “ninguém” se uniram e viraram mercenários (povo brasileiro), entregando os negros ou índios que por ventura fugiam, e os devolviam por uma módica quantia em espécie... passa-se... e os negros são libertados gradativamente, começa com a intervenção da inglaterra, por sermos o ultimo país a manter escravos, tudo uma questão política, não seria sentimentalismo e sim economia envolvida.

Libertados, carregam aquele estigma pesado de um passado sofrido. Até hoje! Mais de 300 anos se passaram e eles carregam essa mágoa até hoje. Se assim fosse, os japoneses estariam até hoje chorando, sentados, nas ruínas de hiroshima e nagasaki. Mas eles não, carregam o ranço do ódio, se auto flagelam...

E com a questão das cotas nas universidades eles se vangloriam de terem tido um “espaço” num todo que é a sociedade. Mas veja bem, a cota devia ser uma questão social e não racial. Cota pra negros? Num país de mestiços, caboclos, mulatos? Segundo o IBGE, negros mesmo, temos 4% no Brasil, 53% são pardos, 43% são brancos. Veja, mais ou menos 19 milhões de brancos pobres, que não participam das cotas. A situação tende a se agravar quando o questionamento começar mais a miúde, porque um negro pobre tem direitos que os demais pobres não tem? dar-se-á uma segregação racial, oriunda de um problema SOCIAL. As cotas, segundo a minha percepção, deveriam ser para pessoas de baixa renda, que cursaram a vida inteira em colégios públicos, cujo ensino não se equipara ao do sigma e galois, por exemplo. Mas se atrelam mais com a questão da raça do que a situação em si. Olha pra frente povo, a involução está procedendo a evolução, só quem se preocupa somente com a melanina que ainda não percebeu.

sexta-feira, agosto 25, 2006

conto de um amor louco

E de repente você acha que sabe demais, já viu demais, no blazé que é a tolerância em forma de linha segmentada chamada vida. E surgem, pessoas surgem sem parar, poucas fazem diferença.

–Você trocaria sua vida inteira por uma noite?

O tempo passa, as memórias não, estão lá, sempre que algo as acessa, pode ser uma música, um cheiro, uma luz, qualquer coisa torna-se instrumento. Já o conheci sentindo saudade. “i’m road tripper. don’t make any plans, darling”. Eu fiz. Confesso que acreditei ser eterno, e é, de uma certa forma não tão cartesiana. A minha juventude durará em crônicas, contos, talvez até em poemas. Assim é o meu pra sempre, assim o farei. Uma vida solidamente medíocre, talvez sem nexo, mas com algumas histórias pra contar de um tempo em que tudo parecia possível. “you’re all i need, and i’m all you want”. Foi sincero, pensar assim dissipa qualquer chispa de arrependimento, mas arrependimento mesmo é não ter mais coragem para viver assim. Perder-se assim. Eu trocaria a eternidade por aquela noite, aquela que eu sei bem, naquele instante, com aquele olhar que só guardo na lembrança, mas ninguém nunca saberá qual.

... E a vida é como um espetáculo, ora se atua, ora se é espectador, mas quando a luz se apaga e as cortinas se fecham, todos aplaudem, atônitos, às vezes sem saber o que de fato foi, mas sempre entendendo o porque de estarem ali.

>> mais um ano cara, mais um ano. e tudo segue, assim, como se fosse predestinado, quando na verdade, é. wish you were here.





quinta-feira, agosto 24, 2006

>> eu ainda vou dar minha opinião sobre as cotas nas universidades, é uma coisa que está presa na minha garganta. segregação racial. história de colonização e mestiçagem de um povo que não abandona o passado para olhar o futuro.
quando essa fase passar, quando ele me amar, quando o frio voltar, quando a angústia acabar, quando o futuro chegar. até quando? além de um advérbio de tempo, é uma condicional, só posso me realizar quando... e lá vem toda uma lista de desejos, que me lembra "wishlist" do pearl jam, ou "wishing well" do morphine. o grande lance é não esperar nada que vá além do seu alcance, ou seja, além de você mesmo. o aqui é o agora, é isso que tenho, mãos à obra e esteja -porque felicidade é um estado de espírito, não uma condicional- feliz. com esse lifestyle, me orgulho de tanto em tanto, de ser eu mesma. sou o reflexo do que os outros me fizeram, talvez soe como paradoxo, mas com intervalos de vida. vida própria, aquela, que poucos reconhecem porque vivem demais o alheio, entram num mundo que não lhes pertence para tentar se achar, de alguma forma, nesse caos que é a busca pelo neutro, pela essência.
já é depois de amanhã... que coisa, e logo eu, que vivia de "quando". no final tudo é segmentado, tinha que ser assim para estar assim, assim é.

here we go. face it!

quarta-feira, agosto 23, 2006

“...Todas as noites eu o chamo: não ele, o outro, aquele que me amava. E me pergunto se não preferiria que estivesse morto. Eu me dizia: a morte é o único mal irreparável. Se ele me deixasse, eu sararia. A morte era horrível por ser possível, a ruptura suportável porque não a imaginara. Mas de fato, eu me digo, se ele estivesse morto, eu saberia ao menos que perdi e quem eu sou. Não sei mais nada. Minha vida, atrás de mim, está toda destruída, como nesses terremotos em que a terra se devora a si própria: ela se esboroa, às nossas custas, à medida em que fugimos. Não há mais retorno. A casa desapareceu, e a vila e o vale todo. Mesmo que você sobreviva, nada mais resta, nem mesmo o lugar que ocupou sobre a terra.”


(A mulher desiludida)


>> é sempre bom ressaltar a linha tênue que dicerne a vida da morte, se formos analisar, a ambição e o materialismo retratam um espírito não evoluído, preso a um corpo em busca da imortalidade. nada levaremos daqui. nem as lembranças. e tudo começará outra vez.

terça-feira, agosto 22, 2006

Sou conta best sellers, assumo. Ontem lia a paródia sensacionalista do cotidiano que alguns ousam intitular "jornal", e não, não é de se espantar que o top of the pop dos léxicos nas últimas 2 semanas é o "diário" de uma singela garota de programa que dormiu com 5 mil homens, em 5 anos. Veja a antagonia, namorar uma prostituta ninguém quer, mas ler sobre suas aventuras vira hobby nacional. Me preocupa, a mass media me preocupa, qual o futuro disso? não, não é privilégio do Brasil, há uns 3 anos uma garotinha italiana, se não me engano de 15 anos, escreveu "100 escovadas antes de ir pra cama" detalhando suas aventuras também, beirando o pornô-grotesco. A vida fácil é hype, dá fama, dinheiro e ainda deixa os menos providos de cérebro admirados com tamanha "coragem". Coragem? oras... coragem é acordar 3 horas da manhã, carregar uma sacola enorme cheia de quinquilharias por quilômetros e quilômetros até chegar à praia, para tentar vender à algum turista com um pingo de sensibilidade. Prostituição pode ser o que for, menos uma coisa para se aplaudir.
Minha apreensão é de caráter global, como diria platão, "a coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento". então, o que se faz com esse tipo de leitura? voyerismo frívolo sem aproveitamento de causa. Um dia pegarei as poucas coisas que me são peculiares, colocarei dentro de uma mochila e irei pra Vermont. Lá é o paraíso que me foi permitido escolher. E deixarei esse navio chamado cultura de massa afundar, mas não me levará não.

east orange-vermont

segunda-feira, agosto 21, 2006

segunda, é como se tudo retomasse seu lugar, inclusive a realidade, e a realidade de amizades perdidas também. sempre tenho em mente que amigos são como jóias - talvez tenham um valor até maior pra mim, já que não gosto de adornos desse tipo, mas o sentido é esse - gosto de deixá-los bem livres, aliás, deixo tudo muito livre, esperando a hora ou de irem embora, ou de voltarem pra mim. alguns nunca voltaram. estão livres. lembro-me de um diálogo do omar shariff que dizia que o amor que a gente sente - não importa qual -, é só nosso. e é exatamente isso que temos que valorizar, porque esse, ninguem leva embora consigo. coerência nas palavras há, mas palavras sempre fluem mais facilmente do que a realidade em si. acredito em companheirismo acima de tudo, eu sempre vou estar ao alcance para quando precisarem, sem isso o contexto toma forma de uma paródia esteril do que poderia ser, ou seja, nada. mas tudo isso é muito relativo. valores, mon cher, valores. tão diversificados como os seres do universo. falando em universo, acredito naquela teoria de que tudo surgiu de uma explosão e que somos todos poeira das estrelas, quase lúdico de tão poético. that's it.



sábado, agosto 19, 2006

>> sempre leio com um papel e caneta do lado, para transcrever trechos que eu acho interessantes, e com isso, guardar aquilo comigo, para guardar na mente.

"...é totalmente humano, então, ser um nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade. talvez, para nossa sorte, a saudade possa transformar-se, de algo depressivo e triste, numa pequena chispa que nos dispare para o novo, para entregar-nos a outro amor, outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas que será diferente. e isso é o que todos procuramos todo dia. não desperdiçar em solidão a nossa vida, encontrar alguém, nos entregar um pouco, evitar a rotina, desfrutar da nossa fatia da festa."

(trilogia suja de havana)

sexta-feira, agosto 18, 2006


sexta, monocromática como todos os dias. estado de apatia elevado. incapacidade de definir direções. penso demais. é isso, penso demais. questiono demais. não sou simples, na verdade nem tento, as coisas não são assim, porque eu haveria de ser? detesto o cotidiano, não fui talhada para o usual. queria mesmo ser uma música, talvez sem letra. aquela música que poucos entendem, enigmática, aparentemente sem sentido, mas repleta de significados.

quinta-feira, agosto 17, 2006

"...tu eras a pessoa mais antiga que eu jamais conheci. eras a monotonia de meu amor eterno, e eu não sabia. o que era?..."

(a paixão segundo G.H.)

>> é bem por ai mesmo.


E o Brasil, politicamente falando, tem jeito? vou expor algumas "coisinhas" a respeito da minha visão sobre o tema.
Acreditar que a política no Brasil vai mudar, e que finalmente vamos nos tornar um país equilibrado e com gente humanitária e menos larápia, é pura utopia. A raiz do problema é histórica, fomos colonizados mediante roubo, trapaça, mentira, fomos usurpados até o quase-último pau-brasil, somos ainda. Evoluiu-se, chegamos onde chegamos e a situação é catastrófica, mas vejamos bem... o cenário político nada mais é do que a extensão da nossa sociedade, é uma coisa que independe de partidos, não adianta, são pessoas de uma sociedade arbitrária, detendo o poder arbitrariamente, maquiavel diz que o poder corrompe as pessoas, eu acredito piamente. Falo da maior parte dos brasileiros, que quer tirar vantagem em tudo, passando quem quer que seja pra trás. Sem escrúpulos mesmo. A minoria, infelizmente assiste pacata, reclamando, mas de braços cruzados, esperando o dia em que tudo vai mudar. Agora, o ser humano é cruel e egoísta por natureza, observemos uma criança e a teoria se provará, o que "poda" esse comportamento é a sociedade, que diz o que é certo e o que é condenável. Então, numa sociedade sem escrúpulos, egoísta, sem educação e cruel, querer uma política transparente e honesta, não é ser utópico?

quarta-feira, agosto 16, 2006


o que é atentado? não, não me refiro a etimologia da palavra, sou sempre subjetiva... lúdica. Atentado é ter que acordar todos os dias sob o mesmo pretexto, robotizar ações e emoções, mascarar sentimentos em prol de um convivio social menos estressante, semi-implorar pelo amor de alguém, insatisfação. Essa é a palavra, palavra-chave que define a minha existência. A liberdade que tanto anseio se tranforma numa cápsula inatingível. Não quero mais, chega de ver o que eu não quero e que me é imposto por lei, ou por quase-vontade. Vou aspirar somente arte, me trancar num barril plagiando alguém famoso e ter a vista que o meu castelo de ilusões permitir. Assim é.

Era pra ter sido ontem, dia 15/08. exposição tardia.
Levantando a discussão de ontem, e é óbvio que eu vou expor a minha opinião somente, não que a dos outros não me interesse, mas é que não vejo sentido mesmo.
A história não tem fim, mesmo que uma hora não haja mais nada a ser descoberto nem inventado, mesmo assim, ainda haverá história, história é aquilo de todo dia, fatos, pensamentos, acho que o contemporâneo já abarcou tempo demais, deviamos entrar na era do vintage, já que tudo está sendo repaginado, as idéias permanecem, só que voltadas ao nosso tempo, as guerras têm as mesmas fórmulas e são cruéis da mesma maneira, a arquitetura não tem mais um estilo, é uma mistura de todos, que chamam de inovação, pra mim, a contemporaneidade em termos de novidade, é a tecnologia. Algo relativamente novo, que deve entrar pra história. Nos idos de 1900 não era tão fácil ser uma formadora de opinião, nada era fácil, ainda mais pra quem não tem dinheiro. Além de arriscado, hoje, ninguém precisa saber quem eu sou, nem concordar, mas tenho a chance de socializar o que penso, sem ser interrompida com assuntos aleatórios ou ameaças do governo. Então tá, o contemporâneo virou vintage, com aquele ar gracioso e demodê. É cíclico.
Isso eu escrevi em 18/10/04, acho que vale a pena ser socializado.

Rindo de quê?
da mecanização dos atos,
dos "bom-dias" robóticos,
dos sorrisos pálidos?
Rindo da vida,
mas não pra ela,
Rindo do insólito,
tudo aquilo que não se tem motivo,
nem explicação,
mas está lá.
Daquilo que se perdeu
e sequer existiu,
ilusório,
pertinente,
e com ares de saudade,
mas ao mesmo tempo desconcertante,
com doses de vida,
para tentar fazer com que haja algum sentido,
em, de repente,
estar aqui.