sábado, dezembro 30, 2006
e se
reservar-me-ia o direito de ser um adorno,
talvez uma árvore,
ou talvez uma das nuvens que vestem o céu,
mas nunca uma estrela,
dionisíaca, jamais apolínea,
música, o abstrato da alma,
o yang do tudo, a solitude do nada,
um amor desenhado nas paredes de uma casa em ruínas,
não-amor,
e se o mundo coubesse num quadro exposto ao ar livre,
e se eu coubesse no mundo,
e se o quadro mudasse,
e se o mundo existisse.
>>a respeito do episódio de hoje:
não haverá paz enquanto tiver quem aplauda a guerra.
gandhi dizia que a lei de talião só deixaria o mundo cego e sem dentes, acho que só eu ouvi. aqui se faz, nem sempre se paga.
quarta-feira, dezembro 27, 2006
.
quarta-feira, dezembro 20, 2006
existe uma cidade...
Pessoas andam nas ruas opacas, se falam com alguma cordialidade, mas sempre mantendo uma distância, como se tudo pudesse remeter à um pensamento escondido na última gaveta da memória. Guardam tudo a 7 chaves, se guardam a 7 chaves, questionam demais e agem de menos, não há reciclagem. A vida torna-se então uma pilha de entulho segmentado.
Fotos cortadas e trancadas em baús de antiquário, lacradas com cadeado, dono de uma chave enferrujada. Seres agem como se pudessem controlar o passado, abstraindo o presente e inviabilizando o futuro. Como se existisse algum culpado pela escolha de uma bifurcação, quando há na melhor das hipóteses, um cúmplice.
sexta-feira, dezembro 15, 2006
que toda loucura seja perdoada
Ela era calma, aparentava uma certa estabilidade emocional.
Procurou um analista porque não se sentia confortável com seus pensamentos, tal qual em vida de marionetes – ou cria cuervos –, sentou-se no divã e começou a despedaçar a vida, não só a dela – não só a ela –, como a dos outros – os outros –, abrindo cada pensamento que estava embrulhado pra presente no cantinho mais escondido do cérebro, como se aquilo fosse preciso para deixar de ser quem era.
Enigmática e trêmula, ela só sabia dizer que não se conformava, não se conformava e que não estava pronta quando aceitou e assinou um contrato. Sentia-se violentada pela vida, pelos atos, pelo alheio, por tudo aquilo que almejava deter o mínimo de controle e no entanto, não podia. Nem devia.
Passou horas falando, palavras confusas, oriundas de um pensamento igualmente desordenado – um labirinto de idéias que jamais tiveram uma fusão entre si. Cativante, ela sorria e chorava ao mesmo tempo, balbuciando injúrias num tom tão doce que mais parecia uma declaração de amor.
De repente a sala azul virou um jardim, o divã se transformou num banco de madeira – daqueles feitos com toras de árvores –, e o analista não estava mais lá. Como assim, ele não estava mais lá? E a sala? E os móveis? Inseriu-se no âmago do próprio ser e a única resposta que conseguiu encontrar foi que ele jamais existira, assim como a sala azul e o divã, assim como tudo e todos. Quando ela mesma, jamais estivera em lugar algum.
quarta-feira, dezembro 13, 2006
um brinde, o nosso astro merece!
segunda-feira, dezembro 11, 2006
em flashs
quinta-feira, dezembro 07, 2006
as várias vidas de beatriz
beatriz saiu de casa aos dezessete,
beatriz é lasciva,
beatriz é desbocada,
beatriz se apaixona toda noite,
beatriz bebe champagne durante o dia,
beatriz não liga se está feia ou bonita, aliás, não liga pra nada,
beatriz não segue moda, ela desfaz sua moda,
beatriz é dona de um espírito livre,
beatriz tranca a flavia no quarto e sai noite afora, procurando diversão,
beatriz bate na cara da flavia em público,
beatriz é o yang da flavia, e no íntimo, sabe disso,
só que não faz questão nenhuma de reconhecer.
quarta-feira, dezembro 06, 2006
...e vamos falar do signo
Nunca me liguei muito nesse negócio de signos e comportamentos pertinentes a eles, mas hoje – culparei o ócio, obviamente – caí na tentação de catar algo que me faça acreditar que sou assim por alguma força que vai muito além de mim, e das mediocridades que me construíram até então.
Vamos lá, resumo do signo mais chato do zodíaco. Não sou hipocondríaca como a maioria, tenho mania de organização – podia botar tudo em caixas e caixas dentro de caixas etiquetadas e separadas por cor e tamanho, ainda assim acharia extremamente funcional –, faço pouco caso das coisas, como se tudo fosse banal e só o que eu falo/sinto fosse importante, não me envolvo – há aqui um paradoxo entre querer e se permitir –, sistemática, maníaca por limpeza – tanto minha como dos outros, cidades, casas, objetos... –, analiso tudo, critico, pelo menos não dou valor à perfeição – sei que ela não só não existe, como é abominável –, como os demais colegas que dividem o ‘prazer’ de possuir o mesmo signo.
Sou chata beirando o insuportável, mas a gente só enxerga o óbvio quando esbarra num semelhante, e é como se levasse uma tapa na cara. Cadê as palavras? Cadê a funcionalidade? Cadê a ordem? Nada disso é relevante quando se está competindo de igual pra igual, estaca zero e vamos trabalhar porque não é fácil não, ah mas não é mesmo.
- Garçom, dose dupla de paciência, por favor.
- ah, e não pare de servir. Obrigada.
terça-feira, dezembro 05, 2006
do quarto andar no quarto
Amor líquido, com toda a etimologia da palavra. Pegue mas não tenha, tenha mas não se apegue, se apegue mas não cobre, cobre e tudo desintegrará, ou se desintegrará justamente pela ausência de imposições. E não pára por aí, no pacote ainda vem incluso o cupom que permite a troca do produto, é muito simples, se der defeito ou se não estiver de acordo com suas exigências, faça o escambo. Assim rápido, assim fácil, assim frívolo.
E ainda vem um alegre cantando “...é impossível ser feliz sozinho”. É ou não é ou não é ou não é? É.
sexta-feira, dezembro 01, 2006
lilac
Nuvem de algodão flutuando num céu de ametista, assim sólido, assim lúdico. Pessoas coloridas de acordo com a índole, lembro que eu era lilás, tal qual o céu que insistia em admirar - brilhante, plácido. Não vi miséria nem sujeira, e tudo era assustadoramente organizado. Os carros não possuíam rodas e nada fazia barulho, paz. Tudo estava interligado, uma coisa na outra, o outro no outro, aquilo no tudo, simbiose. Era tudo, era lindo, e as pessoas pareciam assustadoramente felizes dentro daquela pedra-cidade ou cidade de pedra, absolutamente onírica, demasiadamente inumana.
quinta-feira, novembro 30, 2006
atentado
quarta-feira, novembro 29, 2006
em teoria
terça-feira, novembro 28, 2006
a aposta (episódio 1)
Era fim de tarde em cassano magnago, eles gostavam de conversar nesse horário, davam uma pausa nas brigas e parecia que finalmente conseguiam se entender.
2: tem crostata de fragole, vamos comer?
1: não tem.
2: tem sim, eu vi quando a nonna chegou do mercado.
1: em 20 anos eu nunca a vi comprando crostata de fragole.
2: mas comprou desta vez, quer apostar?
1: quero! (com aquele ar petulante que só ele possuía, irritante)
2: aposto cinqüenta mil liras.
1: feito.
Dirigiram-se ao armário e lá estava, a crostada de fragole, saborosa como sempre, porém vermelha (dovrebbe essere gialla, invece). E quando a nonna fora questionada pela troca repentina do quitute, coisa que não acontecera em vinte anos, respondeu sem titubear:
- comprei porque tinha acabado a de albicoca, simples. Se não quiser, não coma.
... na hora de apostar ele só tinha esquecido de um detalhe – pequeno, porém útil –, é que naquela época, ela jamais apostaria para perder.
crostata alla fragole
sexta-feira, novembro 24, 2006
lá é bem aqui
Um dia eu bati tudo no liquidificador e deu certo, hoje não mais, desaprendi, acho que também falta-me a prática de outrora e uma pitada de paciência também, estou envelhecendo. Aqui dentro está que nem a lush, quando você se acostuma com um produto ele sai da prateleira porque não há mais matéria prima.
Minha estadia ali foi marcada por relacionamentos longos e unilaterais, que eu equiparo ao uso incessante de ópio, o costume é o que mata, e acabamos morrendo em todas as poucas tentativas de existência. Nascer para (re)nascer, dando continuidade à esse ciclo vicioso de monta e desmonta.
Que venham as novas memórias, melhores ou piores, não importa, mas inéditas – afinal, todos têm que se desapegar um pouco, curtir a sua fatia da festa, sem maiores complicações, pelo menos até o dia de esbarrarmos na morte. Just let go.
quinta-feira, novembro 23, 2006
Ando por aí procurando pessoas, observando o modo como elas andam, como mexem no cabelo, como se portam diante de outros seres – suas farsas, seus temores. É difícil sair a esmo em busca do inimaginável, mas eu gosto, aprecio o nada, o vazio, a falta de expectativa que culmina numa esperança extremamente voraz – que acaba me consumindo por inteiro. O tudo é o nada em que está inserido, assim como a ausência de cores, que tem em seu ápice, uma outra cor. Como não acredito no acaso, logo me acharão perdida na casualidade proposital desta cidade provinciana em que me encontro – matéria presente ocupando lugar no espaço, espírito ausente. Assim é.
springsfield is here
quarta-feira, novembro 22, 2006
for sale
Quantos-em-um somos ao longo de nossas vidas, somos o que fizeram de nós, um reflexo da sociedade e seus declínios mentais absolutamente medíocres. Sinto como se houvesse um supermercado de pessoas e personalidades, onde é possível comprar a que melhor se adequar ao momento – como eu quero que os outros me vejam agora. E nesse vai-e-vem de pessoas, momentos, personalidades, as essências se misturam, viram uma coisa amorfa. Já não sabemos mais quem somos, à que viemos e muito menos pra onde vamos. O momento define a pessoa do dia, aquilo que quero que saibam, tal qual numa película – onde o mesmo artista interpreta vários papéis, como se pudesse viver todas as vidas ao mesmo tempo.
Não queria isso pra mim, mas quando tento enxergar, percebo que já estou inserida nesse contexto, refletindo tudo que já passou por mim - como um vértice -, fruto de uma irrealidade consentida.
E, parafraseando arbitrariamente cecília meirelles, indago: em qual espelho ficou perdida a minha face?
segunda-feira, novembro 20, 2006
liquid
sexta-feira, novembro 17, 2006
quinta-feira, novembro 16, 2006
tom the model
terça-feira, novembro 14, 2006
“Marco Polo descreve uma ponte, pedra por pedra.
- mas qual e a pedra que sustenta a ponte? – pergunta Kublai Khan.
- a ponte não é sustentada por esta ou aquela pedra – responde Marco -, mas pela curva do arco que estas formam.
Kublai Khan permanece em silêncio, refletindo. Depois acrescenta:
- por que falar das pedras? Só o arco me interessa.
Polo responde:
- sem pedras o arco não existe.”
>> esse livro é tão bom que chego a duvidar se existe mesmo. mas o que é que existe afinal? ah tá... imaginei alguém dizendo tudo, e me peguei gargalhando freneticamente em tom de escárnio.
domingo, novembro 12, 2006
sexta-feira, novembro 10, 2006
fake plastic blindness
terça-feira, novembro 07, 2006
sr. coelho, estou atrasado!
sábado, novembro 04, 2006
infinito particular
do que outrora fora não sobrou nenhum alicerce, até a memória da construção se esvaiu sem deixar rastro. na verdade nada disso importa, não sairei ilesa, mesmo que não mergulhe até onde inexistir matéria. e mesmo que houvesse algo além disso, não me causaria êxtase em colorir os desenhos feitos à lápis. deixo tudo monocromático, sem grandes surpresas, ou surpreendo-me justamente pelo fato do monocromático poder ter mais graciosidade do que a mais perfeita combinação de cores. viagem ao mundo insólito da previsibilidade. apressar-me-ei, pois não há nada à esperar, quando na verdade, já me encontro imersa nesse plasma viscoso, que me consome até a alma. e eu gosto.
sexta-feira, novembro 03, 2006
amar, por florbela spanca
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente..
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
terça-feira, outubro 31, 2006
dos três mal amados palavras de joaquim
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço
O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas,
O amor comeu metros e metros de gravatas
O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos
O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
segunda-feira, outubro 30, 2006
song to say goodbye
2: que bom, estou indo, cuide-se.
1: não entendi...
2: simples, eu não acredito mais em você.
sábado, outubro 28, 2006
sexta-feira, outubro 27, 2006
HAPPY BIRTHDAY, SOULMATE!!!
Clara, é inútil dizer o quanto lhe admiro, por tudo que você é, por tudo que me ensinou – ou pelo que aprendemos –, e por tudo e ainda está por vir. Faço de você parte integrante da minha vida, tornando-a nossa. Mesmo longe você está sempre comigo, num gesto, numa frase, até mesmo numa simples cerveja no fim do dia. Happy hours com duas pessoas, cachaças na beira da praia em dia de semana, conversas sérias – ou nem tão sérias assim, porque afinal de contas, essa vida não pode ser encarada com seriedade perene, porque em seu egocentrismo exacerbado, ela não nos leva a sério.
Comparo nossas diferenças como a pluralidade sublime dos seres universo, nem tudo nos devidos lugares, mas sempre muito bela e perfeita na sua singularidade.
Isso tudo é pra dizer que eu te amo, hoje - sempre, e que estarei aqui mesmo que seja pra rirmos juntas numa tarde chata de domingo, ou numa manhã cinza de qualquer segunda feira. Peço para que não se afaste demais a ponto de não poder lhe ver, de alguma forma. Você é uma parte de mim que eu não sabia que existia e agora que sei, não quero abandonar de forma alguma. Acredito que além de uma amizade, o nosso caso é um encontro de almas. Um beijo do tamanho do universo, mi corazón.
quinta-feira, outubro 26, 2006
sound of silence
Odeio gritos, mesmo os mais sinceros, e não obstante, começo a odiar aquela mulher, sem ao menos ter dó pelo que ela poderia estar passando, vai ver é uma crise existencial e ela fez o que todos temos vontade, sair correndo pelas ruas, loucos, gritando toda nossa dor como se não existisse nada nem ninguém, principalmente quando o assunto é silenciá-la.
É madrugada, e os gritos ecoam ainda mais, não há tanto barulho de vida, aquela coisa chata do cotidiano, que faz-nos enxergar sem brilho e comer sem degustar. Enquanto isso ela grita, mas o que há com essa mulher?? Deixa eu parar até de pensar pra ver se identifico e assim, consigo ajudar ou dormir, acho que a falta de diretório está me angustiando...
silêncio total, até a respiração está superficial, nada pode atrapalhar afinal de contas. Os gritos se tornam mais e mais imersos em algo, soa familiar, reconheço o som mas não consigo identificar, espere... estão se tornando mais profundos e ensurdecedores, viriam eles de mim? Isso explicaria o fato de ninguém estar se manifestando, afinal, é madrugada...
- Os gritos são meus, céus, os gritos são meus!
Grito silenciosamente para que ninguém ouça, por tudo que eu sou, por tudo que diverge do que queria ser, por aquilo que digo e não entendem, pelo que sinto e que é só meu. Grito como uma forma de voltar a atenção para mim mesma, já que não espero que alguém pare para fazê-lo. Grito em silencio para não despertar ninguém, não há a quem possa clamar por ajuda, the lunatic is in my head.
quarta-feira, outubro 25, 2006
segunda-feira, outubro 23, 2006
10:07
o que dizer, afinal?
o que se sente não se diz
e o que se diz provavelmente não se sente
ou sente,
e diz.
eu digo saudade,
digo, de alguém,
digo, bem perto,
quando na verdade,
está longe.
não devia dizer, porque afinal,
no final,
não sei se sinto,
nada.
e se sinto,
não digo,
tudo.
sexta-feira, outubro 20, 2006
algo a dizer
quinta-feira, outubro 19, 2006
they got nothing to prove, me neither
2: Cadê você?
1: Tô aqui.
2: Por que não responde?
1: Respondi, oras.
2: Não, digo antes.
1: Por que você só chamou agora.
2: Meu deus, preciso chamar?
1: Ah não... denovo não...
2: Como assim, te irrito?
1: Às vezes sim, profundamente.
2: Então vá embora.
1: Não quero, estou bem aqui.
2: Mas eu não estou bem com você aqui.
1: Ai ai, quer uma cerveja?
2: Quero.
2: Mas hein, por que você não respondeu de imediato? Não sou importante?
1: Tava vendo umas coisas e realmente não ouvi.
2: Sou invisível e inaudível agora, perfeito.
1: Outra cerveja?
2: Por favor... aproveite e me empreste o isqueiro também.
1: Isso me diverte.
2: Isso o que?
1: Isso.
1: Como tudo parece menor quando estamos relaxados, entendo o porque de um bom banho retirar 85% do peso de um problema.
2: Problema, tá com problema e não conta porque acha q eu não seria capaz de ajudar?
1: Mais uma cerveja?
2: Ta, mas me diz! Não sou capaz?
1: Você é super capaz. Mas não achei necessário. Realmente.
2: Então está certo, vamos embora.
1: Vamos, mas antes deixe-me pronunciar...
2: Realmente não acho necessário.
1: Por favor...
2: Diga lá.
1: Qual caminho eu pego pra chegarmos mais rápido?
...
Rumo à casa, o silêncio. Sabe, às vezes é a melhor solução. Cigarros. Ela se sentia pormenorizada e ele não entendia o por quê. As pessoas na verdade nunca entendem o porque de nada, supõem errado e perdem coisas. Ou acham. Eles acharam nessa “perdição” toda um ao outro, não conseguiam enxergar-se pela metade, nem
terça-feira, outubro 17, 2006
sexta-feira, outubro 13, 2006
"às vezes sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar essa pessoa dos nossos sonhos e abraçá-la."
quarta-feira, outubro 11, 2006
“...Ele estava pouco ligando, e eu também, mas nenhum de nós ousaria dizê-lo. Em que pensaria ao certo, enquanto rodávamos sobre estradinhas cheirando à folhagem? No deserto de seu futuro? Eu não podia seguí-lo. Sentia-o solitário ao meu lado. E eu estava também."
segunda-feira, outubro 09, 2006
nowhere talking
1: você acredita em deus?
2: o que há, é um teste de paciência? cadê o holofote?
1: simples, diga sim ou não.
2: pra quê? pra justificar coisas colocando-nos como marionetes do destino, isentos de culpa?
1: puta que pariu...
2: quanta falta de classe e argumento, conversa de lugar nenhum.
2: por que você tá querendo saber, só porque acredita e quer um cúmplice para essa insensatez?
2: as coisas não são designadas por um simples sim ou não, palavras não são capazes de classificar tudo.
1: não é sandice.
2: é sim.
1: então tá, como queira, cansei de você.
2: já sabia. sabia até que este diálogo era pra chegarmos nesse ponto.
1: você enlouqueceu.
2: sim, desde o dia em que eu não escolhi me apaixonar por você.
1: houve esse dia?
2: sempre.
1: por que nunca me disse?
2: pelo mesmo motivo que não discuto sobre a existência ou não de um além-ser.
- silêncio-
Visivelmente alterada, ela levanta do sofá, apaga a luminária e segue em direção à cozinha para preparar ao menos o chá que lhe dará boa noite; enquanto isso ele foi pra varanda fumar um cigarro, acompanhado pelo bernardo, o gato dela - isso era muito claro, era dela, o gato. não queria dizer, mas além de questionar a existência de deus, ele gostava do misto quente que só ela sabia fazer. findou o cigarro e foi direto pro quarto, tirou os chinelos, deitou na cama e questionou o amor, acabou por encontrá-lo ali, bem ao seu lado, meticulosamente coberto. sentiu-se feliz, pelo menos até a próxima discussão. adormeceu.
sexta-feira, outubro 06, 2006
refazendo meu castelo - que era falso, por sinal - varrendo ventos e pensamentos, me perdendo, redecorando, reorganizando. porque no final das contas, a vida é isso mesmo, uma sucessão de monta e desmonta. linear e randômica. felicidade e tragédia. consciência da realidade. desta ou daquela? não importa. inconsciência. passos friamente arquitetados com ares de casualidade. consigo enxergar meu núcleo, aquilo que me restou de tantas faces induzidas. sou eu, afinal. só eu. o centro do meu mundo bem livre. respirar ou não respirar só pra sentir que não detenho o controle de tudo. nem de mim. nem de ninguém. dou valor à pequenas coisas, talvez sem importância. liberdade dos sentidos. isso tudo pode até ser uma viagem, mas é particular. só convém entender se estiver predisposto a participar. eu diria que tudo agora tem cheiro de canela, mas esse é só um lado das coisas. e é só o começo.
quinta-feira, outubro 05, 2006
CBO - classificação brasileira de ocupações
competências pessoais:
1. demonstrar capacidade de persuasão
2. demonstrar capacidade de expressão gestual
3. demonstrar capacidade de realizar fantasias eróticas
4. agir com honestidade
5. demonstrar paciência
6. planejar o futuro
7. prestar solidariedade aos companheiros
8. ouvir atentamente (saber ouvir)
9. demonstrar capacidade lúdica
10. respeitar o silêncio do cliente
11. demonstrar capacidade de comunicação em lingua estrangeira
12. demonstrar ética profissional
13. manter sigilo profissional
14. respeitar o código de não cortejar companheiros de colegas de trabalho
15. proporcionar prazer
16. cuidar da higiene pessoal
17. conquistar o cliente
18. demonstrar sensualidade
mas o que é isso, minha gente?!!!! parece paródia, mas foi extraído do sitio do ministério do trabalho. (espasmos de riso, neste momento). pra frente brasil.
have a nice day.
quarta-feira, outubro 04, 2006
o andarilho, por f. nietzsche
segunda-feira, outubro 02, 2006
que descolorirá...
sábado, setembro 30, 2006
sexta-feira, setembro 29, 2006
quinta-feira, setembro 28, 2006
náusea
quarta-feira, setembro 27, 2006
à flor da pele
terça-feira, setembro 26, 2006
segunda-feira, setembro 25, 2006
cold cold water
>>os dias frios - nublados e chuvosos - são os meus preferidos, com sabor de torta de chocolate, suspiro e leite condensado. deixo transparecer minha sensibilidade, às vezes. como qualquer ser que respira e ama. vontade de estar no common ground, agora. consigo sentir o cheiro do chá de maçã, acompanhado daquela sensação de estar dentro de uma árvore, o local exalava um romantismo inexplicável, fiz meu último jantar lá, antes de ir pra nunca mais voltar.
why don't you share them with me?
and if dreams don't come true
i'll make sure that you're nightmares
are through
if you got pain in your heart
why don't you share it with me?
and we'll just wait and see
if it's happened what it used to be
and lay it down slow
lay it down free
lay it down easy
but lay it on me
if you've got love in your heart
why don't you keep it with mine?
i can't promise a miracle
but i'll always be trying
(lay it down slow)
sexta-feira, setembro 22, 2006
a estação
algumas passam pela estação diariamente, e criam uma espécie de vínculo afetivo só porque faz parte de um cotidiano, não existe brilho nessa relação porque o tempo desbota os prazeres do que já não é novidade. outras estão sempre correndo, apressadas para não perder o trem - que não espera-, nem o rumo, não levam, nem deixam nada na estação - que se torna transparente-, é só um ponto, nada mais. outras freqüentam a estação por um tempo pré-estipulado, observam, confessam que até ficariam ali, cujo brilho ainda é intenso, mas não, estão só de passagem - carregam consigo a lembraça da estação e seu esplendor (ainda que imaginário), sempre deixam algum vínculo, com um pretexto insconsciente de um dia retornar àquele cenário, que nunca seria igual. e a estação, afinal? apesar de ser a mesma, e de todos os dias parecerem infinitos segmentos, um difere do outro (assim falou heráclito), ao fim, abstrai o vazio que é nunca chegar nem partir, só estar. ponto de transição. talvez saiba que essa seja sua função, e pode até ser que no fundo busque isso mesmo, não foi construída para ser o sujeito, sempre a ilustração de algumas histórias. assim foi. amanheceu. quantas pessoas passarão, quantas farão diferença e quantos trens partirão até o pôr do sol?
quinta-feira, setembro 21, 2006
marketing pessoal
fighting against me
não sei explicar, talvez nem possa, não há perdão, fui incapaz de me controlar, os meios não facilitaram, mas os atenuantes não me eximem da culpa. sou um ser cuja carne é fraca, e não me orgulho disso.
PEA- animais para consumo
quarta-feira, setembro 20, 2006
passos cálidos
Ela estava perdida, imersa em uma floresta escura, sem saber qual direção seguir, pois olhando ao redor, todos os caminhos eram igualmente confusos. Chamava por ele, como se o grito erradicasse todo o medo que sentia ao encontrar-se ali, sozinha, sem rumo, e sem idéias. Ele não ia aparecer – e ela sabia –, nem ao menos sabia onde se encontrava, talvez não fizesse questão, ou ainda não achasse que nada incomum estaria acontecendo. Chorava, porque o choro é companheiro do desespero, mas sabia que chorando não se acha saídas, e a situação exigia uma. De repente até clamou para que um milagre acontecesse, colocou à prova a existência de um além-ser. Nada. Tudo no mesmo lugar. Acostumou-se então com a floresta, que tomou ares tão familiares quanto sua casa – uma que outrora teve. Desacreditou na benevolência, e na ausência de máscaras. Tudo pegava fogo, e o mais engraçado – se é que pode denominar assim – é que era fruto de suas lágrimas incandescentes. Culpada, agora. Brasas ao redor por um ato falho. Não soube se encontrar. Talvez não se importasse. Achava que não suportaria a realidade fora da floresta, sem controle, entregue às agruras, sem pormenores. E neste momento, depois de tudo, do medo, da angústia, da sensação de vazio, da falta de perspectivas, ele apareceu. Por um minuto a floresta desapareceu e virou um lindo jardim, claro e organizado. Esperou tudo, queria tudo. A vida encheu-se de luz e alegria. Por um minuto. Pois sabia que na realidade – aquela que arrasa ilusões – ele só podia dar-lhe uma lanterna. E a floresta continuaria a mesma.
terça-feira, setembro 19, 2006
giramundo
uma coisa que considero importante é reconhecer os passos falsos, retroceder - não involuir - tentar refazer ações e falas, em prol de um entendimento pacifico. hoje percebi isso, o tempo é indelével -fato-, mas algumas pessoas, por mais que as circunstâncias mudem, por mais que os sentimentos passem dos ponteiros do relógio e acabem dando um nó parando o mecanismo, por tudo o mais, alguns ainda mantem a essência, certifico-me de que não há tempo perdido, existem pessoas perdidas. encontrar-se é díficil. reencontrar-se é indescritível, ainda que em um contexto completamente antagônico. no final, os que compreenderam e os que não, unem-se e aplaudem, quase sempre de pé, porque afinal de contas, tudo é um espetáculo, com toques de realidade, mas sempre muito articulado.
segunda-feira, setembro 18, 2006
spotless mind
-Querer esquecer ou esquecer só por não ter coragem de conviver com a lembrança?
não é preciso dizer que, em ambos os casos torna-se impossível esquivar da realidade, se lembramos, é porque de fato foi importante, e se queremos esquecer, é porque de fato, incomoda. não suportar uma realidade é usual e paralelamente inquietante. querer esquecer é algo que não depende de nós, simplesmente acontece, como tudo. bem linear e cíclico. a vida é segmentada e gira em torno de memórias, agradáveis ou nem tanto. o grande lance é aprender a conviver com a nostalgia de um momento não esquecido, já que somos impassíveis de uma atitude deletéria. não se pode apagar algo que esta arraigado em todos os ligamentos cerebrais, digo cerebrais como um além-algo, que não abarca exatamente o órgão em sua condição física. e mesmo que isso fosse possível, algum dia, creio que não funcionaria, posto que não se esquece um conjunto de fatos que de uma certa forma, montou um contexto singular, não se desconstrói alguém, não se apaga uma história com um simples pulsar de teclas, não seria simples assim, nem justo. nossos passos somos nós quem traçamos, a cada dia, dando o tom que nos soar melhor, apagar seria negliegenciar possíveis erros, ou não nos permitir recordá-los, e tudo o mais que faz parte de um eterno aprendizado, que mantém o eterno brilho, proveniente de uma mente com lembranças.
sexta-feira, setembro 15, 2006
"...whatever makes you happy, whatever you want... you're so... i wish i was... she's running out the door, she run run run..." (devidamente alterado)
>> vídeo do lodger (que eu particularmente admiro), talvez condiga com o que vi. com o que não deveria, mas de fato é. maktoob.
quinta-feira, setembro 14, 2006
quarta-feira, setembro 13, 2006
big big bang shot shot
Às vezes sinto tanta saudade, saudade de um tempo que não vivi, que talvez nem exista, saudade de seres inventados, saudade de cheiros que eu nunca senti e lugares que nunca estive. Sinto como se realmente não fosse daqui. Ou que não pertencesse a esse lugar, a essa mesquinharia do cotidiano, a falta de polidez humana e poesia que abarca essa viagem à margem da terra. Poder não existir, não se entregar, não sentir falta. Me distancio porque não me sinto à vontade, como se fosse uma eterna visita, prestes a ir-se. A intimidade é corrosiva, e quando não nos resta mais nada, vem a solidão, como um golpe arbitrariamente rasteiro, arrebatador. Golpe final. Não sou capaz de descrever a alegria que não vivo, como se não fosse merecedora, talvez não seja, são outras leis que regem o fadado e temido destino, outros valores não tão metafísicos. Não posso contar com um ser abstrato. Loucura segmentada para passos artificialmente calculados. Não posso dizer, não iria entender. Não posso dizer, porque também não sou passível de explicação. Só sei que vida é saudade, e saudade é algo que eu carrego como fantasia distante, que com o tempo – senhor e dono de tudo – está fadada a desaparecer. Quer me seguir ainda que sem planos? Faremos nossa história a cada dia, reinventaremos as memórias, falta muito, nem alicerce temos. Vamos, segure minha mão, já conheço o caminho, tem algumas armadilhas, não sucumba. Pode desistir se quiser, não cairei, seguirei só, se assim o destino escolher, com aquela caixinha de sentimentos ora guardada, ora acessível, que eu tanto estimo e que mesmo sem saber, encontra-se em seu poder, enquanto durar, ou até descolorir.
terça-feira, setembro 12, 2006
romance à on the road
once upon a time in usa...
me lembro de já tê-los conhecido juntos, de fato nunca deve ter havido um passado que os separasse, eram utopicamente yin e yang – coisa que até então, eu admirava -, ela estava em vias de sair de casa e ele, bem ele... ele já estava na rua havia um tempo... acostumou-se com aquele ambiente e a tratava – ela, a rua -, como se de fato sua casa fosse, tamanha a familiaridade. Tinham um “quê” de Dolls, o filme, mas não pensavam na mendicância como forma de sobrevivência. Ela não tinha problemas em dizer que seria stripper em alguma boate de estrada sem glamour – caso precisasse-, e assim resolveria momentaneamente a questão financeira, estava decidida. Ele nunca se opôs a nada, sentia como se ele a tivesse num patamar sobrehumano, mesmo sendo de um vazio dantesco, ou um universo à parte, o qual não me cabia compreender. Era tudo tão simples e sincero, que até eu – desprovida de sentimentos e sensações tidas como clichês – entrei nessa viagem, não de fato, mas cheguei a divagar várias vezes... dois amantes, numa viagem lúdica ao redor dos eua, sem metas, na bagagem somente esperança e amor. E estariam completos. Talvez fossem, nunca saberei dizer, pois impressões são falhas, de repente até eram perfeitos, ao seu modo anacrônico e empírico. Carregavam o estigma de que a vida é só essa e dela não sairemos vivos. Ao mesmo tempo que é muito poético, torna-se trágico. Com conseqüências. Perdemos o contato quando voltei pra casa. Lembro que exalavam uma atmosfera mágica juntos, posso afirmar com um tom de certeza mais incisivo.
De certo não leram on the road, não eram muito de leituras, se bem me recordo. Pois deviam, ao meu ver, todos sabemos que esse tipo de romance é tão fulgás quanto uma viagem de férias, uma viagem que pode até durar alguns anos, mas há aquela certeza inerente de que uma hora, devemos retornar à um posto fixo, que eu intitulo de casa – mas não precisa ser tão cartesiano quanto a etimologia da palavra, enfim...
Presumo que tenham esquecido, ou pretendido não lembrar que, no final todas aquelas cores descolorem, juntamente com o amor eterno e a esperança incansável. Carpe diem é grandioso, mas em teoria. Precisamos de alicerces, todos. Ou corremos o risco de terminarmos como jack, o kerouac, escrevendo histórias cheias de emoção e rebeldia - de um momento em que a sanidade era tida como frívola e que sentir-se livre era condição de existência-, talvez como escape para um fim de vida que ele, como todo o resto, não havia previsto.
segunda-feira, setembro 11, 2006
quarta-feira, setembro 06, 2006
vanilla sky
assistia ao filme ontem, não é o melhor filme que eu já vi, mas incomoda, incomoda a fusão do onírico com a realidade, nunca se sabe em qual se está imerso. aqui ou lá? ou em nenhum lugar?
um amor maior do mundo, um sentimento que promove a teoria do caos interno. sempre ele. sempre caos. nem sempre interno.
não consigo ser crédula de que esta realidade é a verdadeira, no fundo todos somos bem livres, tal qual em sonho. o que dificulta a atuação é que ser livre torna-se deveras trabalhoso, abarca todas as coisas com as quais talvez lúcido, não se possa lidar. opta-se por não ser real, então. e a essência está perdida. a inocência também. e a beleza da vida, o prazer de um pôr-so-sol, ou um simples cantar dos pássaros numa manhã nublada, perdeu o sentido e procede a simples existência, em prol da sublime. onde foi parar? eu vislumbro que estão todas num perto, que nem com lupa deixa de ser distante, há sempre um interlúdio no ar, sabe-se o teórico, o núcleo falta. e as entrelinhas estão todas guardadas lá, com aquela chave de ouro que só se encontra atrás do arco-íris, mais especificamente, sob o céu de monet.
terça-feira, setembro 05, 2006
os tons do motel
segunda-feira, setembro 04, 2006
“...Uma porta fechada, qualquer coisa me espreita, atrás. Ela não se abrirá se eu não me mexer. Não mexer. Jamais. Parar o tempo e a vida. Mas eu sei que mexerei. A porta se abrirá lentamente e eu verei o que tem detrás. É o futuro. A porta do futuro vai se abrir. Lentamente. Implacavelmente. Estou no limiar. Só existe esta porta e o que espreita atrás dela. Tenho medo. E não posso chamar ninguém por socorro.
Tenho medo.”
sábado, setembro 02, 2006
sexta-feira, setembro 01, 2006
8:30 da manhã, o dia está só começando, escaldante. um inferno tropical. repleto de animais tropicais.
uma singela opinião sobre o trato que deviam ter os assassinos cruéis na nossa sociedade. matou por motivo torpe+de forma cruel+sem chance de defesa= morte. nada de ficar sustentando esses tipos na cadeia, deviam ser fuzilados em rede nacional, de preferência no horário "nobre", que é pra dar aquele "plus" de sensacionalismo à mídia, que tanto o preza. aconteceria mais meia dúzia de vezes, e depois cessaria. e é tudo muito simples, todos, até os menos providos de sentimento vulgo humano, tem medo da morte, principalmente quando ela passa a ser conseqüência do próprio ato. e pronto, manda essa tralha toda pro batuque de lá, porque aqui já tem estorvo em demasia.
minha nossa. hoje estou a tirania em pessoa. me assusto. não mais que 5 segundos.
quinta-feira, agosto 31, 2006
... nada mais dantesco do que a época das touradas na Espanha. Me lembra a política do pão e circo. Nada nem ninguém tem o poder de manipular ser algum em prol do seu bel-prazer, salvo sob o consentimento do ser lúcido em voga.
FATO: Ontem estava atravessando o semáforo na frente do pátio brasil, e tinha um cachorro de rua, ele era bege, muito magrinho, atordoado, se jogando por entre os carros, sem saber pra que lado fosse, olhei ao redor e era como se ele não estivesse ali, ninguém reparava em seu desespero. de súbito, me deu uma sensação de vazio, queria poder levá-lo comigo, tirá-lo daquela vida que ele não pediu pra ter, pensei nas humilhações que deve sofrer, e que deve apanhar de quando em vez. terá ele consciência de sua tão atroz existência? ajudei-o a atravessar a rua, mesmo estando atrasada, e mesmo não tendo prática nisso. episódios como esse me fazem refletir todos os dias, cada singular e insólito dia, que, ninguém está disposto a ajudar, a sensação que tenho é de que cada pessoa carrega um mini-mundo dentro de si, e gasta uma vida inteira só para satisfazê-lo, e que esse tempo ainda não é o bastante. tenho medo do futuro, tenho consciência de que tudo é cíclico, nada disso passará impunemente. tenho consciência e tenho medo.
quarta-feira, agosto 30, 2006
é festa!
na busca pela inspiração para um post mais denso, abro a página do jornal e vejo a seguinte manchete: MODA É SER FASHION ATÉ NA MORTE. (gargalho silenciosamente). Tomada por uma curiosidade animalesca e sensacionalista, fui ler a matéria. Móveis fúnebres assinados por grifes famosas, com cores da moda, alças retráteis, seda e frufrus à gosto do cliente. Móveis de casa que viram caixões - uma questão de precaução né? nunca se sabe quando a vontade de morrer bate à sua porta. Estejam preparados, maquiados, bem vestidos... e ainda nem falei a melhor parte! esses mimos possuem uma tela com um tipo de sensor que, a cada vez que alguém se aproxima, passa um vídeo do falecido nos tempos áureos. Não é DEMAIS? é demais mesmo, demais pro meu gosto - o mínimo de bom senso, por favor -, não obstante o fato de levarem a vida num eterno escárnio, querem transformar a morte numa grande celebração, com direito a plumas, paetês, orquestra, imagens e buffet. A morte passa de sujeito à predicado, não é mais o assunto inicial, mas o que importa? o velório foi chiquérrimo, todos com seus tailleurs chanel e smokings armani, dando os pêsames a quem mesmo? ah, é relevante, mas o caixão era o último grito na questão do design. Só esquecem que não importa quão cinematográfico tenha sido, pro padedê de lá, não se leva nada.
terça-feira, agosto 29, 2006
segunda-feira, agosto 28, 2006
uma questão social
>>Voltando ao não-sentimentalismo da vida real, vamos lá...
O cabaré começa na época do Brasil colônia, onde os portugueses tinham todas as mulheres e não registravam os filhos, gerando uma prole de ninguém, esses “ninguém” se uniram e viraram mercenários (povo brasileiro), entregando os negros ou índios que por ventura fugiam, e os devolviam por uma módica quantia em espécie... passa-se... e os negros são libertados gradativamente, começa com a intervenção da inglaterra, por sermos o ultimo país a manter escravos, tudo uma questão política, não seria sentimentalismo e sim economia envolvida.
Libertados, carregam aquele estigma pesado de um passado sofrido. Até hoje! Mais de 300 anos se passaram e eles carregam essa mágoa até hoje. Se assim fosse, os japoneses estariam até hoje chorando, sentados, nas ruínas de hiroshima e nagasaki. Mas eles não, carregam o ranço do ódio, se auto flagelam...
E com a questão das cotas nas universidades eles se vangloriam de terem tido um “espaço” num todo que é a sociedade. Mas veja bem, a cota devia ser uma questão social e não racial. Cota pra negros? Num país de mestiços, caboclos, mulatos? Segundo o IBGE, negros mesmo, temos 4% no Brasil, 53% são pardos, 43% são brancos. Veja, mais ou menos 19 milhões de brancos pobres, que não participam das cotas. A situação tende a se agravar quando o questionamento começar mais a miúde, porque um negro pobre tem direitos que os demais pobres não tem? dar-se-á uma segregação racial, oriunda de um problema SOCIAL. As cotas, segundo a minha percepção, deveriam ser para pessoas de baixa renda, que cursaram a vida inteira em colégios públicos, cujo ensino não se equipara ao do sigma e galois, por exemplo. Mas se atrelam mais com a questão da raça do que a situação em si. Olha pra frente povo, a involução está procedendo a evolução, só quem se preocupa somente com a melanina que ainda não percebeu.
sexta-feira, agosto 25, 2006
conto de um amor louco
–Você trocaria sua vida inteira por uma noite?
O tempo passa, as memórias não, estão lá, sempre que algo as acessa, pode ser uma música, um cheiro, uma luz, qualquer coisa torna-se instrumento. Já o conheci sentindo saudade. “i’m road tripper. don’t make any plans, darling”. Eu fiz. Confesso que acreditei ser eterno, e é, de uma certa forma não tão cartesiana. A minha juventude durará em crônicas, contos, talvez até em poemas. Assim é o meu pra sempre, assim o farei. Uma vida solidamente medíocre, talvez sem nexo, mas com algumas histórias pra contar de um tempo em que tudo parecia possível. “you’re all i need, and i’m all you want”. Foi sincero, pensar assim dissipa qualquer chispa de arrependimento, mas arrependimento mesmo é não ter mais coragem para viver assim. Perder-se assim. Eu trocaria a eternidade por aquela noite, aquela que eu sei bem, naquele instante, com aquele olhar que só guardo na lembrança, mas ninguém nunca saberá qual.
... E a vida é como um espetáculo, ora se atua, ora se é espectador, mas quando a luz se apaga e as cortinas se fecham, todos aplaudem, atônitos, às vezes sem saber o que de fato foi, mas sempre entendendo o porque de estarem ali.
>> mais um ano cara, mais um ano. e tudo segue, assim, como se fosse predestinado, quando na verdade, é. wish you were here.quinta-feira, agosto 24, 2006
já é depois de amanhã... que coisa, e logo eu, que vivia de "quando". no final tudo é segmentado, tinha que ser assim para estar assim, assim é.
quarta-feira, agosto 23, 2006
“...Todas as noites eu o chamo: não ele, o outro, aquele que me amava. E me pergunto se não preferiria que estivesse morto. Eu me dizia: a morte é o único mal irreparável. Se ele me deixasse, eu sararia. A morte era horrível por ser possível, a ruptura suportável porque não a imaginara. Mas de fato, eu me digo, se ele estivesse morto, eu saberia ao menos que perdi e quem eu sou. Não sei mais nada. Minha vida, atrás de mim, está toda destruída, como nesses terremotos em que a terra se devora a si própria: ela se esboroa, às nossas custas, à medida
(A mulher desiludida)
terça-feira, agosto 22, 2006
Minha apreensão é de caráter global, como diria platão, "a coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento". então, o que se faz com esse tipo de leitura? voyerismo frívolo sem aproveitamento de causa. Um dia pegarei as poucas coisas que me são peculiares, colocarei dentro de uma mochila e irei pra Vermont. Lá é o paraíso que me foi permitido escolher. E deixarei esse navio chamado cultura de massa afundar, mas não me levará não.
east orange-vermont
segunda-feira, agosto 21, 2006
sábado, agosto 19, 2006
"...é totalmente humano, então, ser um nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade. talvez, para nossa sorte, a saudade possa transformar-se, de algo depressivo e triste, numa pequena chispa que nos dispare para o novo, para entregar-nos a outro amor, outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas que será diferente. e isso é o que todos procuramos todo dia. não desperdiçar em solidão a nossa vida, encontrar alguém, nos entregar um pouco, evitar a rotina, desfrutar da nossa fatia da festa."
sexta-feira, agosto 18, 2006
sexta, monocromática como todos os dias. estado de apatia elevado. incapacidade de definir direções. penso demais. é isso, penso demais. questiono demais. não sou simples, na verdade nem tento, as coisas não são assim, porque eu haveria de ser? detesto o cotidiano, não fui talhada para o usual. queria mesmo ser uma música, talvez sem letra. aquela música que poucos entendem, enigmática, aparentemente sem sentido, mas repleta de significados.